07.03.2022

A crescente liderança das mulheres no mercado de trabalho

Por Priscilla Perez Bastos

Sempre que o Dia Internacional da Mulher se aproxima, cresce o número de matérias e estudos comparativos entre os mais diversos papéis que a mulher desempenha na sociedade. Marcas se movimentam para montarem suas campanhas publicitárias a fim de dar voz feminina à temas que muitas vezes são esquecidos.

No mundo corporativo, o mês de março é visto como uma oportunidade para trazer à tona a importância do papel da mulher no mercado de trabalho, enaltecendo sua contribuição significativa nos mais variados setores.

É certo que grande parte das companhias já começou a abrir caminho para a liderança feminina, mas, para 96% das executivas brasileiras, a distância a ser percorrida rumo à efetiva diversidade de gênero nos Conselhos e alto níveis de gestão ainda é longa, conforme aponta pesquisa conduzida pela KPMG.

No estudo, foi considerado como perfil da executiva brasileira aquela que tem mais de 40 anos (84%), cursou pós-graduação (80%) e tem filhos (73%), revelando que menos da metade delas considera que as medidas adotadas em seus ambientes de trabalho para combater a discriminação são, de fato, eficazes.

Para a diretora de RH de uma conceituada farmacêutica multinacional, criar condições para que as mulheres alcancem altos postos não é algo que acontece do dia para noite. Uma das medidas adotadas pela companhia foi levar mulheres com altos cargos para conversar com quem ainda está no início da carreira, oferecendo às jovens almoços de networking com executivas e mentorias para desenvolvimento de carreira, além de ofertar treinamentos sobre diversidade e inclusão.

Na Natura & Co América Latina e na PepsiCo, atualmente cerca da metade dos cargos de liderança e direção são ocupados por mulheres. Para chegar a esse índice, a Natura trabalha temas como liderança feminina, corresponsabilidade e violência de gênero, buscando entender os vieses na organização, no RH e em toda a gestão ao avaliar a carreira de uma mulher. Além disso, oferece aos funcionários homens a possibilidade de deixar seus filhos no berçário da empresa.

Na PepsiCo, onde cargos de liderança ocupados por mulheres na alta direção (acima de Vice-Presidente) ultrapassa o percentual de 50%, as ações da companhia vão desde a licença-maternidade estendida e um espaço para amamentação no escritório até mentorias, envolvendo homens nesse processo.

O mesmo caminho foi adotado pela L’Oreal que, com 54% de mulheres na liderança, optou por dar autonomia e promover o respeito às profissionais para manter a igualdade de gêneros, buscando oferecer benefícios como a licença-maternidade estendida e um local no escritório para amamentação, além da mobilidade de carreira e salários equiparados.

No entanto, a adoção das medidas acima não basta para promover o engajamento na inclusão de mulheres na liderança. É preciso mais: o real comprometimento das companhias, a implantação de um índice capaz de medir processos e sua efetiva institucionalização são peças-chaves nesse processo.

Isto porque, não basta apenas uma CEO ou uma líder mulher no mais alto escalão de uma empresa. Para que a equidade seja sustentada, é essencial ter um programa contínuo de métricas de ascensão feminina, a fim de garantir que, se a CEO ou a líder deixarem a empresa, os avanços alcançados não sejam perdidos.

Em um dos estudos mais recentes sobre o tema, realizado pela consultoria Talenses e o Insper, notou-se que somente pouco mais de 10% das empresas no Brasil possuem uma CEO mulher, sendo que os cargos na Vice-Presidência representam cerca de 23%, denotando a importância de as empresas envidarem seus esforços para garantir a equidade entre homens e mulheres.

Priscilla Perez Bastos é advogada na TMB Advogados, integrante do time de Contratos e Societário, graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, pós-graduada e com especialização em Direito Administrativo pela Sociedade Brasileira de Direito Público.

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